quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Haiti: a burocracia do "altruísmo"



Deu em O Globo:

"Enquanto em Porto Príncipe haitianos e voluntários ainda se queixam de que a ajuda humanitária demora a chegar devido à insegurança, a problemas de transporte e à corrupção, no Ceará 160 toneladas de remédios, água e alimentos correm o risco de perder a validade no depósito da Cruz Vermelha local devido à burocracia. Em vez de ser transportado diretamente ao Haiti, o material tem de ser enviado primeiro ao Rio, onde estão concentrados os esforços humanitários. Em nota, a Cruz Vermelha do Brasil disse que os alimentos que estejam prestes a perder a validade serão doados a comunidades do Ceará.

Ontem, centenas de haitianos famintos fecharam uma avenida de Porto Príncipe em protesto contra a distribuição deficiente. Eles acusam oficiais locais de montar uma máfia para cobrar pelas doações.

- Eles roubaram o arroz! - gritava a multidão, agitando galhos de árvores."

Comentário: eis o que acontece quando, entre a solidariedade verdadeira e voluntária de indivíduos, e a demanda por ajuda dos desesperados, se mete um câncer chamado GOVERNO! Interesses eleitoreiros desses atores insensíveis que são os políticos, e as inexoráveis corrupção e ineficiência do excesso de burocracia, fazem com que as ajudas humanitárias deixem pesados pedágios no caminho até seu destino final. E ainda tem quem chame os atos do governo de "altruísmo"...

5 comentários:

Airton Leitão disse...

INCRÍVEL!!!
Parece que o Ceará fica muito mais perto do Haiti do que o Rio de Janeiro. Se contarmos essa em Portugal eles vão pensar que estamos contando anedota deles disfarçando os personagens.

fejuncor disse...

Mas eu tenho visto que justamente o idealismo e o sonho de um mundo melhor é o que o governo central, assume e, ausente e distante, tolhe.

O nosso em particular é um mero foco de corrupção. E a tendência é continuar piorando. Ele não gera desenvolvimento, saúde, educação, melhorias. Ele é a causa do atraso. Ele consome centenas de bilhões de reais de TODOS os brasileiros a cada ano. E os brasileiros não ganham nada com isso.

fejuncor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fejuncor disse...

Acho que já contei isso aqui, a discrepância entre a Filantropia enquanto instituição na America "socialista" do Sul e na America "egoísta" do Norte. Tenho nos meus favoritos links os disponibilizaria com prazer.

É detalhe, que não costuma despertar muito interesse sobretudo nestas bandas, mas volta e meia sai uns estudos. Gosto de lê-los, exibem muito da índole de uma sociedade. Mas não caio nessa de jogar só na questão religiosa ou cultural o incentivo ao altruísmo, pra mim resta claro que um dos motores para estabelecê-la é um mecanismo INExistente no Brasil: o imposto sobre a transmissão de grandes heranças que pode atingir até 50% do montante a ser repassado as futuras gerações (quem tem uma fortuna nos states faz mais sentido financeiro criar fundações com objetivos sociais e colocar os filhos para comandá-las do que transferir o patrimônio diretamente a eles), e também a possibilidade de abater do IR boa parte do dinheiro investido.

Consideramos que caso no Brasil existissem essas possibilidades o investimento social seriam bem maior. O grande mal é de governo mesmo: o brasileiro, evidenciado em exemplos como este acima do Haiti, tem uma "orientação" diferente.

fejuncor disse...

Que pelo menos saísse da frente, então.